Estudo avalia efeitos no desenvolvimento dentário com o fármaco Infigratinib na acondroplasia

acondroplasia é uma condição óssea rara sem tratamento aprovado, causada por uma mutação genética que provoca a sobreactividade do recetor 3 do fator de crescimento dos fibroblastos (FGFR3). A QED Therapeutics, uma empresa da BridgeBio que se dedica ao desenvolvimento de opções de tratamento para pessoas com acondroplasia, está a estudar o fármaco experimental infigratinib (único agente oral em investigação para a acondroplasia) para verificar o seu potencial para melhor o crescimento ósseo nesta displasia óssea. O nome deste programa clínico de estudo é PROPEL (saiba mais aqui).

O infigratinib demonstrou melhorias no crescimento ósseo em crianças com acondroplasia durante um ensaio clínico de Fase 2 cujos resultados foram apresentados no 2º Congresso ANDO, em 2023. Assim, encontra-se agora em estudo num ensaio clínico de Fase 3 para saber como o tratamento pode afetar o crescimento e o bem-estar das crianças com acondroplasia e para conhecer mais sobre a eficácia e os possíveis efeitos secundários que podem ocorrer com o tratamento.

 

Um estudo recente sobre os efeitos ao nível dentário 

A acondroplasia causa várias complicações, ao longo das diferentes estapas da vida. Conheça-as:

Características Clínicas ao Longo da Vida
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Ao nível dentário, esta condição apresenta dentes apinhados e problemas periodontais, uma vez que o FGF3 e os seus receptores têm papéis críticos no desenvolvimento dos dentes. Recentemente, um grupo de investigadores detetou a inexistência de uma avaliação sobre os efeitos do infigratinib no crescimento dentário e propôs-se a colmatar esta lacuna. Para tal, realizaram um estudo utilizando modelos de rato.

Assim, no estudo referido, os fenótipos dentoalveolar e craniofacial dos ratos tratados com doses baixas (0,1 mg/kg) e altas (1,0 mg/kg) de infigratinib foram avaliados por meio de tomografia microcomputadorizada, histologia e imunohistoquímica.

 

E quais foram os resultados?

Os terceiros molares mandibulares reduziram em tamanho e exibiram uma morfologia anormal da coroa e da raiz em 100% das fêmeas e 80% dos machos em doses elevadas.

A imunolocalização do FGFR3 e do FGF18 e a expressão da proteína da matriz extracelular não foram afetadas, porém a enzima catepsina K foi alterada pelo infigratinib.

Os ossos da abóbada craniana exibiram alterações na dimensão, volume e densidade que foram mais pronunciadas nas fêmeas. Em ambos os sexos, as suturas interfrontais foram significativamente mais patentes com a dose elevada.

 

Conclusões do estudo

Este estudo demonstrou que a administração de doses elevadas de infigratinib a ratos durante as etapas iniciais de crescimento influencia o seu desenvolvimento dentário e craniofacial. As alterações na catepsina K sugerem ainda o papel do FGFR na homeostase óssea e, embora não sejam esperadas perturbações dentárias e craniofaciais com as doses terapêuticas utilizadas para o tratamento da acondroplasia nos ensaios clínicos a decorrer com crianças (PROPEL), estes resultados indicam a importância da monitorização dentária de todos aqueles que recebem este tratamento em estudos clínicos.

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