A opsismodisplasia é uma displasia óssea muito rara que foi identificada pela primeira vez em 1977 e tem uma ocorrência estimada de 1 caso a cada milhão de nascimentos. Até hoje, apenas 25 casos (16 homens e 9 mulheres) estão documentados na literatura médica.
O seu nome deriva do grego opsismos (tardio) e caracteriza-se por causar um atraso na maturação óssea. A maturação óssea é único indicador do desenvolvimento físico que pode ser aplicado desde o nascimento até à idade adulta e refere-se a uma sequência prevista de alterações no desenvolvimento do esqueleto, de acordo com o avanço da idade de uma pessoa.
É transmitida de forma autossómica recessiva e está presente desde o nascimento.
A opsismodisplasia é uma condição autossómica recessiva, ou seja, ocorre quando o filho herda uma cópia do gene alterado de ambos os pais. Os pais de uma criança com uma condição autossómica recessiva geralmente não têm a condição.
A opsismodisplasia causa baixa estatura e um conjunto de alterações craniofaciais características. As crianças com esta condição apresentam um risco acrescido de infeções e insuficiência respiratória.
A opsismodisplasia é causada por alterações genéticas no gene INPPL1. As mutações neste gene foram identificadas em várias famílias com esta condição. No entanto, estas mutações não foram encontradas em todas as pessoas, o que sugere que a opsismodisplasia poderá ser causada por mutações noutro gene (heterogeneidade genética).
A opsismodisplasia apresenta sinais clínicos observados logo ao nascimento, tais como membros curtos, mãos e pés pequenos, macrocefalia relativa com uma grande fontanela anterior e alterações craniofaciais características, onde se incluem sobrancelha proeminente, ponte nasal baixa, narinas antevertidas e um filtro labial longo.
As seguintes características podem ocorrer:
Dedos afunilados
Redução gradual do perímetro do dedo de proximal para distal.
Frequência: muito frequente
Ossos ilíacos quadriculados
Alteração da aparência convexa da asa ilíaca para uma aparência quadrada.
Frequência: muito frequente
Nariz curto
Distância nasal a subnasale mais de dois desvios padrão abaixo da média.
Frequência: muito frequente
Estatura extremamente baixa
Grau severo de baixa estatura, mais de -4 desvios padrão da média.
Frequência: muito frequente
Insuficiência respiratória
Problemas respiratórios
Frequência: muito frequente
Macrocefalia
Tamanho aparentemente maior do crânio.
Frequência: muito frequente
Fontanelas grandes
Nos recém-nascidos, os ossos frontais e parietais e o osso occipital estão unidos por suturas fibrosas que formam uma pequena fontanela posterior, e uma fontanela anterior maior, em forma de diamante.
Frequência: muito frequente
Corpos vertebrais hipoplásicos
Ossos das costas subdesenvolvidos.
Frequência: muito frequente
Ossos púbicos hipoplásicos
Subdesenvolvimento da púbis que, juntamente com o ílio e o ísquio, compõe o osso da anca.
Frequência: muito frequente
Ísquio hipoplásico
Subdesenvolvimento do osso que forma a parte inferior e posterior da anca.
Frequência: muito frequente
Testa alta e saída
Proeminência dosso frontal da cabeça.
Frequência: muito frequente
Ponte nasal baixa
Posicionamento posterior da raiz nasal em relação ao perfil facial global para a idade.
Frequência: muito frequente
Atraso no amadurecimento ósseo
Taxa reduzida de maturação do esqueleto.
Frequência: muito frequente
Braquidactilia
Dedos das mãos e dos pés curtos.
Frequência: muito frequente
Vértebras anormalmente ossificadas
Alteração da ossificação/mineralização das vértebras.
Frequência: muito frequente
Alterações nas metáfises
Alterações de grande porção nos ossos longos.
Frequência: muito frequente
Alterações da morfologia da epífise
Alterações na extremidade articular dos ossos longos que durante o período de crescimento é inteiramente cartilaginosa ou está separada da haste por um disco cartilaginoso.
Frequência: muito frequente
Infecções respiratórias recorrentes
Susceptibilidade a infecções respiratórias.
Frequência: frequente
Hipotonia
Tonificação muscular baixa (a quantidade de tensão ou resistência ao movimento de um músculo).
Frequência: frequente
Occiput plano
Achatamento posterior do crânio.
Frequência: frequente
Rigidez nas articulações
Sensação de aperto perceptível nas articulações ao tentar movê-las após um período de inatividade.
Frequência: ocasional
Esplenomegalia ee Hepatomegalia
Aumento do tamanho do baço e do fígado, respetivamente.
Frequência: ocasional
Alterações ao nível do tórax
Redução do diâmetro anterior-posterior do tórax e defeito da parede torácica caracterizado por depressão do esterno, dando ao tórax um aspeto cavado (Pectus excavatum).
Frequência: ocasional
Polegar largo
Aumento da largura do polegar sem aumento da dimensão dorso-ventral.
Frequência: ocasional
Esclerae azul
Uma coloração azulada anormal da esclerótica.
Frequência: ocasional
Estes sintomas podem variar de pessoa para pessoa e podem ser leves ou graves. Veja as imagens de algumas características da opsismodisplasia:
A: às 29 semanas de gestação. Membros e mãos muito curtos, corpos vertebrais hipoplásicos, metacarpos muito curtos, teto acetabular horizontal, e irregularidades metafisárias.
B: aos 5 anos de idade. Note-se a ossificação displástica do carpo e a grave escassez dos metacarpos.
C: aos 5 anos de idade. coxa vara e a metafisária em torno do joelho.
D: aos 5 anos de idade. Escoliose muito acentuada.
Fonte: Cormier-Daire V. et al. Clinical, radiological, and chondro-osseous findings in opsismodysplasia: survey of a series of 12 unreported cases. Journal of Medical Genetics 2003; 40:195-200.
Diferentes idades. Note-se a testa proeminente, a ponte nasal baixa e o nariz curto com as narinas viradas para a fente.
Fonte: Cormier-Daire V. et al. Clinical, radiological, and chondro-osseous findings in opsismodysplasia: survey of a series of 12 unreported cases. Journal of Medical Genetics 2003; 40:195-200..
A: Metacarpos muito curtos e falanges médias quadradas.
B: Ossos longos curtos com ausência do centro epifisário à volta do joelho.
C: Platispondilia severa.
Fonte: Cormier-Daire V. et al. Clinical, radiological, and chondro-osseous findings in opsismodysplasia: survey of a series of 12 unreported cases. Journal of Medical Genetics 2003; 40:195-200.
Saber onde começar o processo de diagnóstico pode ser difícil. Para muitas pessoas começa num serviço de saúde de primeira linha, tal como um consultório de cuidados primários, um centro de cuidados urgentes, ou uma sala de urgências. O diagnóstico pode ser alcançado durante estas visitas ou apenas após testes e encaminhamentos especializados.
Testes Genéticos
Os testes genéticos podem identificar uma mutação no gene INPPL1. No entanto, nem todas as pessoas com opsismodisplasia apresentam alterações neste gene, sugerindo heterogeneidade genética. Por este motivo, é importante uma análise clínica e radiográfica minuciosa.
Diagnóstico Pré-Natal
O diagnóstico pré-natal é possível através de testes genéticos e avaliação pré-natal, com uma tomografia computorizada em 3D ou uma ultrassonografia (ecografia), e deve ser recomendado quando é conhecida mutação na família.
Estes exames podem mostrar os sinais da condição referidos acima.
A ultrassonografia é a principal forma de diagnóstico através de imagens quando há suspeita de displasia óssea pré-natal.
O tratamento de uma condição óssea rara depende frequentemente do diagnóstico específico e do tipo e gravidade dos sintomas associados. Um prestador de cuidados de saúde primários pode ajudar a coordenar os cuidados quando estão envolvidos múltiplos especialistas. Deve ser assegurada a compreensão dos riscos e benefícios das diferentes opções, permitindo às pessoas e famílias desempenhar um papel ativo nas decisões de cuidados médicos.
Muitas doenças raras não têm diretrizes médicas porque se sabe muito pouco sobre a doença. Nestes casos, um médico pode basear as recomendações recomendações de tratamento na investigação médica atual e na sua experiência no tratamento de doenças semelhantes.
O objectivo da gestão dos sintomas é melhorar a qualidade de vida, diminuindo ou eliminando sintomas preocupantes. O tratamento dos sintomas pode incluir medicamentos, procedimentos clínicos, dieta, terapia física, ocupacional e da fala, ou cuidados de apoio.
O aconselhamento genético será benéfico para as pessoas com opsismodisplasia e para as suas famílias. Fornece informações sobre a natureza, hereditariedade e implicações das condições genéticas, ajudando a tomar decisões médicas e pessoais informadas, essenciais, por exemplo, para o planeamento familiar, onde se deve esclarecer sobre o risco genético e a possibilidade de testes pré-natais.
É apropriado oferecer aconselhamento genético (incluindo a discussão de potenciais riscos para os descendentes e opções reprodutivas) aos jovens adultos que são afetados.