Condrodisplasia Metafisária Tipo Schmid

A Condrodisplasia Metafisária tipo Schmid (CMtS) é uma displasia condrometafisária muito rara com incidência e prevalência desconhecidas. Origina alterações ósseas que se concentram na região metafisária dos ossos longos, baixa estatura com encurtamento e curvatura dos membros por alteração da função normal da placa de crescimento1.

O que é a CMtS1,2?

A condrodisplasia metafisária de tipo Schmid é um tipo de condrodisplasia associada a uma deficiência de colagénio, tipo X. Ao contrário de outras "síndromes de raquitismo", os indivíduos afectados têm níveis séricos normais de cálcio, fósforo e aminoácidos urinários. Os ossos longos são curtos e curvos, com placas de crescimento e metáfises alargadas. O seu nome deve-se ao investigador alemão F. Schmid, que a caracterizou em 1949. A Condrodisplasia Metafisária tipo Schmid apresenta características físicas que podem incluir protuberância dos ossos da caixa torácica inferior, lordose lombar, dor nas pernas, e/ou alterações da anca em que o osso da coxa é inclinado para o centro do corpo (coxa vara). Estas alterações podem manifestar-se ao nascimento ou após o primeiro ano de vida, e mais tarde levam ao surgimento de uma marcha invulgar.

O que causa a CMtS2?

A CMtS é causada por uma mutação autossómica dominante do gene do colagénio tipo X chamado COL10A1. Logo, para se manifestar, basta ser transmitido uma cópia de um gene mutado. Este pode ser herdado de qualquer um dos progenitores, ou pode ser o resultado de uma nova mutação, chamada mutação de novo. O risco de passar o gene com mutação do progenitor com mutação para a descendência é de 50% para cada gravidez. (ver imagem abaixo).

hereditariedade

Fig. 1. Hereditariedade: a CMtS passa de pais para filhos. No entanto, também pode ocorrer como resultado de uma mutação de novo.

Características Clínicas e Radiológicas1,3

Fig. 2. Características comuns da CMtS. Créditos: Netter.

 

As características clínicas e radiográficas não estão habitualmente presentes no nascimento, mas manifestam-se na primeira infância:

  • Estatura progressivamente baixa (a partir dos dois anos de idade)

  • Membros curtos

  • Genu varum, coxa vara e tornozelo varo

  • Marcha bamboleante

  • Face e cabeça de aspeto normal

  • As radiografias mostram irregularidades metafisárias dos ossos longos

  • Ossos tubulares curtos

  • Esclerose das costelas

  • Concavidade metafisária dos metacárpicos e falanges proximais

  • Dores nas articulações dos joelhos e ancas são comuns e podem limitar a actividade física

  • Não ocorrem manifestações extraesqueléticas

  • A estatura em adulto pode chegar aos 150 cm

  • Na idade adulta, podem aparecer sinais de artrose.


Fig.3. A: Genu varum em rapaz de 5 anos com curvatura das pernas; B: genu varum em rapariga de 7 anos; C: genu varum menos pronunciado em rapariga de 9 anos. Todas as crianças mostraram um alargamento das placas de crescimento associada à concavidade metafisária, que se assemelha ao raquitismo. Fonte: Wiley Online Library
Diagnóstico1

O diagnóstico da CMtS é estabelecido através da deteção dos elementos clínicos e radiográficos característicos e/ou recorrendo à identificação de uma variante patogénica heterozigótica em COL10A1 através de testes genéticos moleculares.

Tratamento1,3

Os tratamentos da CMtS direcionam-se para a gestão das complicações ortopédicas. A fisioterapia e/ou cirurgia ortopédica pode ajudar a corrigir alterações específicas, tais como a deformidade da anca. É importante uma intervenção precoce para assegurar que as crianças alcançam o seu potencial de mobilidade assim como apoio por terapias específicas como terapia da fala, fisioterapia, e outros serviços médicos, sociais e/ou vocacionais.

É recomendada uma avaliação anual do crescimento, avaliação clínica das manifestações ortopédicas e avaliação psicossocial. O aconselhamento genético será também benéfico para os indivíduos afectados e as suas famílias.

Tratamentos em Investigação

A carbamazepina é um medicamento aprovado pela FDA e recomendado para aprovação pela EMA para uso em epilepsia e desordem afectiva bipolar. A sua acção adicional como estimulador das vias de autofagia e de degradação proteasomal conduziu ao pedido de nova indicação como tratamento para a Condrodisplasia Metafisária Tipo Schmid.

Para mais informações sobre a carbamazepina no tratamento da Condrodisplasia Metafisária Tipo Schmid consulte a nossa página dedicada a este tema, aqui.

Para mais informação sobre tratamentos emergentes e sobre o processo de inovação e desenvolvimento de medicamentos para as doenças raras, consulte a nossa página dedicada à investigação para as Displasias Ósseas aqui.

Bibliografia
  • 1. Al Kaissi A, et al. Schmid's type of metaphyseal chondrodysplasia: diagnosis and management. Orthop Surg. 2018;10:241–6
  • 2. Bateman JF, Wilson R, Freddi S, Lamandé SR, Savarirayan R. Mutations of COL10A1 in Schmid metaphyseal chondrodysplasia. Hum Mutat. 2005;25:525–34
  • 3. Pinto J et al. "Estudo da displasia condrometafisári do tipo Schmid", 1994

 

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